22/08/2024 às 00:52

Como Fotografar Crianças com deficiência sem afetar o sensorial.

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7min de leitura
  • Entenda a diversidade de cada PCD
  • Respeite o espaço da criança
  • Utilize brincadeiras
  • Trabalhe o sensorial
  • Converse com as famílias
  • Tenha tempo
  • Adapte o seu equipamento

A fotografia de crianças atípicas pode parecer desafiadora, mas existem meios de melhorar a percepção sensorial das crianças por meio da fotografia, de forma lúdica.

Crianças autistas, principalmente, têm uma grande sensibilidade aos estímulos, texturas, luz e ambientes diferentes. Para capturar belas fotografias, é essencial deixar a criança o mais livre e confortável possível.

Neste artigo, você poderá entender como melhorar a percepção sensorial, não apenas de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas também de PCD em geral, por meio de brincadeiras e estímulos positivos, durante o ensaio fotográfico.

 

1. O que é PCD?

Primeiro de tudo você precisa entender o que significa a sigla PCD

PCD é a abreviação de Pessoa com Deficiência, e é importante lembrar que a palavra "PESSOA" vem sempre em primeiro lugar. Essa sigla abrange todos os tipos de deficiência, sejam elas visíveis ou invisíveis.

Deficiências visíveis são aquelas que podemos identificar facilmente, como a deficiência física, motora, visual, entre outras.


Entende-se por deficiências invisíveis aquelas que não são perceptíveis de imediato, como, por exemplo, o autismo, a deficiência auditiva, entre outras.

 


 2. Quais as dificuldades das Pessoas com Deficiência?

Cada Pessoa com deficiência tem sua particularidade

Em muitos aspectos, a vida das Pessoas com Deficiência (PCD) é dificultada, seja pela falta de acessibilidade, pela busca de espaços adequados, oportunidades de trabalho, ou mesmo a participação na vida social. No entanto, além desses desafios visíveis, existem aspectos frequentemente não mencionados que também afetam profundamente as pessoas.

As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, muitas vezes enfrentam preconceito e falta de compreensão devido à falta de conhecimento sobre suas diversidades. As crianças com TEA são especialmente afetadas, pois podem ter dificuldade em se expressar e, às vezes, são erroneamente rotuladas como mal-educadas, quando, na verdade, estão apenas lidando com os desafios do TEA.


Outra questão importante é a falta de nome específico para muitas deficiências. Pessoas com deficiências não nomeadas são frequentemente julgadas devido às suas diferenças, muitas vezes porque as pessoas ao seu redor não sabem como lidar com essas situações. A conscientização e a educação sobre as diversas deficiências e condições são fundamentais para promover um ambiente mais inclusivo e compreensivo para todos.


 

 3. Mas afinal como fotografar uma PCD?

Respeite a criança e seu espaço

Cada criança, seja típica ou atípica, tem seu próprio ritmo e personalidade. Respeitar essas diferenças e entender que as crianças também têm suas próprias vontades e preferências é essencial para criar um ambiente onde elas se sintam confortáveis e respeitadas.

Da mesma forma como não gostaríamos que nos forçassem a fazer algo que não queremos ou nos levassem a lugares onde não nos sentimos bem, as crianças merecem o mesmo respeito. Isso é especialmente importante quando se trata de crianças atípicas, que podem ter necessidades e sensibilidades diferentes.


Respeitar as preferências das crianças, ouvir suas vontades e dar espaço para que elas se adaptem ao ambiente é a chave para criar um ensaio ou experiência fotográfica agradável e positiva para todos os envolvidos. Isso não apenas resulta em melhores fotos, mas também promove um ambiente de respeito e confiança. 

 

 4. Utilize brincadeiras

Conheça a criança

Para manter a criança completamente confortável, sem desregulá-la ou retirá-la de sua zona de conforto, é fundamental manter uma comunicação constante com a família. Isso permite entender as preferências da criança, os elementos que mais chamam sua atenção e como é possível incorporar brincadeiras que tornarão o ensaio natural e quase imperceptível aos olhos dela.

É essencial que a criança se sinta envolvida em uma de suas brincadeiras favoritas durante o ensaio. Dessa forma, é possível capturar fotos incríveis e garantir que a família esteja feliz e satisfeita com a experiência. Respeitar as preferências da criança e tornar o ensaio uma atividade lúdica e divertida é a chave para obter resultados fantásticos.


 5. Sensorial

Explore o sensorial da criança

A percepção sensorial é uma função cerebral que envolve os sentidos:

  • Tato: responsável pela percepção do toque.
  • Paladar: responsável pela percepção de sabores.
  • Olfato: responsável pela percepção de odores.
  • Audição: responsável pela percepção de sons.
  • Visão: responsável por captar o estímulo luminoso e promover a percepção de imagens.
  • Sistema vestibular: exerce um importante papel na manutenção do equilíbrio geral do corpo.
  • Proprioceptivo: está interligado com o sistema neurológico, uma vez que recebe estímulos e informações que se relacionam com vários sensores espalhados pelo corpo.


Utilizando os sentidos, você consegue estimular a melhor parte das crianças, mas lembre-se de que algumas não se dão bem com texturas, outras com sabores ou sons excessivos. Portanto, é de extrema importância conhecer os gostos e particularidades delas.

 

6. Realize sonhos

As famílias têm sonhos, conheça-os

Eu tenho um projeto social de fotografia com crianças atípicas, e muitas famílias me relatam coisas que me deixam boquiaberta.

Certa vez, estava contando a história da Maria Clara, que tem paralisia cerebral. Sua mãe, Aline, me disse que sonhava em fazer um ensaio, mas a primeira vez que tentou contratar um fotógrafo, recebeu uma resposta negativa. O profissional alegou que não poderia fazer as fotos, já que Maria Clara não conseguia sentar. Desanimada, ela desistiu e nunca mais tentou.


É triste pensar que alguém recusaria um ensaio com base nas capacidades físicas da criança. No entanto, fico feliz por ter realizado este ensaio, porque não existe nada mais gratificante do que ver esses sorrisos da foto acima, são sorrisos reais.

Imagino quantas famílias passam por essa situação, de ter um sonho e serem barradas de realizá-lo. Quando criei o Projeto Populus Lucis, queria que todas as crianças fossem vistas apenas como crianças, que sorriem, inventam brincadeiras e nos ensinam as diversidades do mundo.

Para fotografar uma criança com deficiência, você precisa ter em mente não apenas a fotografia em si, mas também os sonhos.

 

7. Vá com calma

Tenha tempo disponível para deixar a criança a vontade

Neste ponto é importante frisar que na fotografia de crianças com necessidades especiais, assim como na fotografia de bebês, quem manda é ela. Não adianta você ir com pressa e querer acelerar o ensaio, pois pode ser que você consiga fazer as fotos em 30 minutos ou 2 horas, depende da criança.

A maioria dos ensaios que fiz foram bem rápidos, pois o envolvimento com a brincadeira foi imediato e a criança também se cansou logo. Portanto, é importante deixar claro que as crianças levam tempo para se adaptar ao momento, e você precisa respeitar isso. Se ela brincar e em 30 minutos não estiver mais disposta, respeite e finalize o ensaio. Por outro lado, se ela estiver muito envolvida na brincadeira, aproveite para fazer os melhores registros da sua vida.



Perguntas frequentes:

Como começar na fotografia de crianças atípicas?

Para fotografar crianças com deficiência, siga estas etapas:

  1. Entenda o mundo atípico: Converse e estabeleça parcerias com clínicas de equoterapia, terapia ocupacional, entre outras. Conversar e compreender os tratamentos ajuda a se aproximar das famílias e a entender melhor suas rotinas.
  2. Escolha um local onde a criança se sinta confortável: O ambiente tem um grande impacto na experiência sensorial da criança. Se ela for autista, isso ajudará a manter o ensaio sem perturbações.
  3. Converse com a família: Entender a criança é fundamental para determinar a melhor abordagem.
  4. Adapte o ensaio às necessidades específicas: Iluminação, texturas, sons e brincadeiras são elementos que podem ser ajustados para melhorar a experiência da criança.


 Como distrair a criança?

Para distrair a criança, você pode:

  1. Inventar brincadeiras: Crie jogos e atividades divertidas que envolvam a criança e a distraiam do que está acontecendo no ensaio.
  2. Utilizar o sensorial: Explore atividades sensoriais que envolvam o tato, o olfato, o paladar, a audição e a visão. Isso pode manter a criança focada na brincadeira.
  3. Envolva a família: Inclua irmãos, mãe, pai e outros membros da família nas brincadeiras. Isso pode criar um ambiente acolhedor e divertido.
  4. Explore o imaginário: Deixe a criança soltar a imaginação e ser ela mesma. Lembre-se de que, independentemente de ser neurotípica ou neuroatípica, as crianças são, antes de tudo, crianças. A imaginação pode ser uma grande aliada para criar um ambiente de diversão no ensaio.


 Como adaptar o uso dos equipamentos?

Aqui estão algumas dicas:

  1. Escolha um bom local: Encontre um local bem iluminado com luz natural, como um parque. A luz natural geralmente é mais suave e menos agressiva para crianças.
  2. Evite o uso de Flash: prefira a luz natural, pois a luz do flash pode desregular crianças autistas e incomodar aquelas que são mais sensíveis a estímulos visuais.
  3. Disfarce a câmera: utilizando objetos que disfarce a câmeras para não chamar muita atenção e criar um ambiente mais descontraído.
  4. Crie conexão: Se precisar utilizar o flash, tente criar uma conexão com a criança. Use brincadeiras e distrações para minimizar o desconforto causado pela luz. Observe se a criança gosta da luz do flash e use-a de forma criativa para brincar e mantê-la envolvida no ensaio.

 

Conclusão

As crianças com deficiência são simplesmente crianças. Você pode usar todas as técnicas que já conhece, mas com um toque de imaginação, tudo ficará mais fácil. Permita que sua criança interior se liberte, e tudo será mais simples.


Sobre a autora:

Mauri Tavares, fotógrafa com 7 anos de experiência, especializada em fotografia Infantil e de família. Se destaca por fotografias espontâneas e verdadeiras, e também pelo seu trabalho atual com crianças atípicas no projeto Populus Lucis.

O principal lema é contar a história das famílias com o coração.

Se você estiver em busca de um profissional para contar a sua história, sinta-se à vontade para me chamar pelo WhatsApp, ou clica neste link para mais informações. Estou à disposição para ajudar.

22 Ago 2024

Como Fotografar Crianças com deficiência sem afetar o sensorial.

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